Com o início de suas atividades no dia 18 de janeiro deste ano, a primeira edição do Grupo de Formação em Circo (GFORC), projeto do Circocan contemplado pelo Projeto FUNARTE Carequinha de Estímulo ao Circo em 2015, concluiu o primeiro dos três módulos de sua programação. Com a duração de 6 semanas, o módulo consistiu na preparação corporal e desenvolvimento dos fundamentos acrobáticos dos 16 integrantes do programa.
Parte do projeto envolve o desenvolvimento das percepções e do senso crítico, que são tão importantes quanto a parte física e técnica dos alunos. Assim, é incentivada a elaboração de relatos periódicos durante toda a formação.
Compartilhamos a seguir alguns trechos dos relatórios dos participantes, com experiências do primeiro módulo:
"Entre as primeiras impressões acerca da Formação cito o profissionalismo da escola. Antes de ser aluno do GFORC eu já era aluno do Circocan, de modo que eu já conhecia a qualidade do espaço físico do ginásio e os professores e a sensação se repete: faço parte de uma escola séria que está buscando construir um trabalho com rigor e profissionalismo. "
"O curso foi dividido em três módulos, no primeiro, o treinamento é voltado para a preparação física dos integrantes do curso, no segundo módulo o olhar é voltado para o treinamento das técnicas específicas para cada aparelho do circo e por último, os integrantes começam a ser ensaiados para a apresentação de final de curso no teatro Pedro Ivo."
"Nos dias após os testes começaram-se os estudos, treinamentos físicos e desenvolvimento artístico com a equipe Circocan como aulas de preparação física, flexibilidade, mobilidade acrobática, acrobacias de solo e coletivas, atividades ao ar livre, jogos cênicos, dentre outras."
"Os corpos ficaram doloridos, porém todos estavam animados com o curso e criava-se expectativa de como seria o treino do dia seguinte, visto que cada dia era diferente a forma como o treino era conduzido. Foi um dos pontos positivos o qual chamou minha atenção (um dia tinha uma parte do treino era corrida na areia, outro dia era treino puxado na piscina e assim por diante)."
"Ao mesmo tempo que as dores eram grandes, o desejo de seguir em frente era maior ainda, de saber o que iria ver e conhecer pela frente. Era algo totalmente diferente do que eu estava fazendo corporalmente, além de ter uma condução profissional ainda mais distinta do que eu havia já vivenciado."
"A segunda semana foi marcada para mim, principalmente por ser os dias em que comecei a perceber pequenas evoluções no meu desempenho e corpo. Minha resistência cárdio-respiratória melhorou, minha força muscular evoluiu e minha flexibilidade… senti mais dor."
"Fiquei assustada e principalmente orgulhosa em saber que eu tinha capacidade (e vontade) de ir mais além do que eu apenas PENSAVA que podia FISICAMENTE."
"Aconteceram também aulas de tecido acrobático, com Jason Bruegger, artista suíço formado na National Circus School of Montreal, no Canadá, em junho de 2015; e com Jamie-Lee, da escola Aerial Edge, que fica em Glasglow, na Escócia. Também se iniciaram aulas de trapézio com Mark Gibson, diretor da escola Aerial Edge e posteriormente com o artista Seamus Clancy, também da Escócia."
"Adorei os exercícios que o Jason passou para nós nos aéreos, o quão paciente e detalhista ele foi, e seu olhar “clínico“. A forma de ensinar era sempre muito didática e fácil de se reproduzir nos aéreos."
"Como parte do processo de formação e complemento de horas dos treinos do GFORC, cada artista possui sua grade horária com aulas de Circo Fitness e aulas técnicas. O Circo Fitness é uma rotina completa de condicionamento cardiorrespiratório, força, entre outros elementos, que se utilizam de exercícios e técnicas de circo e acrobacias.
Open Gym é o horário liberado para prática livre e intercâmbio, essencial para o desenvolvimento. Durante o Open Gym também são realizadas vivências e treinamento no Trapézio Voador. Por fim, este módulo contou com dois Show Case, realizados na própria escola, com apresentações dos alunos, professores e artistas envolvidos no projeto."
"Ficou claro para mim a importância do Open Gym e de horários (às vezes aquela meia hora depois do fim de um treino) para treinos pessoais nos aparelhos de preferência de cada um. Nas aulas técnicas de aéreos, por exemplo, os professores mostram um movimento e temos a oportunidade de fazer uma ou duas vezes antes da aula seguir para o próximo. Isso reflete a opção (com a qual concordo) por receber o máximo possível dos professores de Glasgow antes deles irem embora. Assim, tenho tentado usar o horário do Open Gym para dar seguimento a esses treinos técnicos, repetindo algumas vezes os exercícios e educativos passados."
"De maneira geral a superação do medo e dos limites estiveram envolvidas em diversas aulas, como nos exercícios físicos propostos, onde muitas vezes acreditei não ser possível seguir até o final, e foi possível."
"Podemos perceber que não é só fisicamente que um treinamento deste tipo age, todo o processo de treino influencia também na parte cognitiva/psicológica do ser humano, e eu tive/estou tendo o prazer e oportunidade de vivenciar e perceber isto. Dentro do meu cotidiano, o modo pelo qual comecei a vivenciar minhas atividades (modo de pensar e agir) mudou."
"Pude além de tudo me autoconhecer e principalmente compreender ainda mais meus próprios limites."